Tanure vende ações da Alliança para fundo de pensão da Light

Previdência de funcionários comprou papéis da MAM Asset; empresa de diagnóstico tem baixa liquidez O fundo de pensão dos funcionários da Light, Braslight, fez uma aposta curiosa. Comprou 6,57% das ações da rede de medicina diagnóstica Alliança, o equivalente a cerca de R$ 120 milhões a preço de mercado no dia 25 de março. Na mesma data, quem vendeu papéis da Alliança nessa proporção foram os fundos da MAM Asset Management – que administram recursos do empresário Nelson Tanure –, reduzindo a participação na empresa de diagnósticos de 48,1% para 41,54%.
Nelson Tanure é o maior acionista da Light e o controlador da Alliança.
O Braslight não é um tradicional investidor de renda variável: de janeiro a agosto do ano passado, não havia qualquer ativo dessa natureza nas carteiras dos seus planos. No último relatório disponibilizado em seu site, o percentual de ações não chega a 1% dos cerca de R$ 3,5 bilhões administrados, ou R$ 35 milhões, mas os ativos específicos não são identificados.
Tempo Capital vai indicar chapa alternativa para o conselho da Light
Light sai do sufoco: há vida após a RJ
Para mais que triplicar sua exposição em ações, o fundo escolheu uma empresa com liquidez restrita em bolsa. Num dia comum, os papéis da Alliança não chegam a girar R$ 500 mil e muitas vezes não batem R$ 100 mil. O free float da Alliança é inferior a 6%. As participações de Tanure na empresa somam 88%.
As principais intermediadoras na transação da semana passada foram a Master Corretora, na venda, e a XP, na compra, de cerca de 9,1 milhões de ações em ambas as pontas. Diante do volume atípico, a negociação foi interrompida às 16h, uma hora antes do encerramento do pregão na B3 e após uma queda acumulada de 12%.
Nelson Tanure controla a Light e a Alliança
Léo Pinheiro/Valor
Como entidade patrocinadora do Braslight, é a Light – da qual Tanure tem 35% – quem indica três dos cinco membros do conselho deliberativo, que escolhe a diretoria do fundo. Os atuais conselheiros nomeados pela empresa são o head de finanças e M&A, Eduardo Righi, o superintendente de planejamento financeiro, Eduardo Coelho, e o superintendente de gente e gestão, Tarcísio Franco.
No GPA, Tanure consegue alinhamento com Casino e Iabrudi para conselho
OPA à vista: CVM enquadra Trustee após disparada da Ambipar
Na véspera da transação com as ações da Alliança, a companhia antecipou a divulgação dos resultados do quarto trimestre, antes agendado para o dia 27 e divulgado no dia 24. Dessa forma, também adiantou o encerramento do blackout period, que impede controladores e executivos da empresa de negociar ações em véspera de balanços ou de anúncios relevantes.
A Alliança é presidida por Isabella Tanure, filha do empresário que é médica especializada em medicina diagnóstica. Nelson Tanure é presidente do conselho.
Alliança compra Cura em São Paulo
Procurada, a Braslight disse que “a compra de ações da Alliança observou todas as regras e limites internos estabelecidos na política de investimento da entidade” e que “a operação está alinhada com a estratégia de buscar oportunidades e diversificar investimentos, trazendo uma rentabilidade acima da taxa atuarial”. Desde o dia 25, os papéis acumulam queda de 46%. Tanure não comentou.
COMENTÁRIOS